Hoje, o Brasil e o mundo sabe quem é a torcedora que apareceu na
tela da ESPN gritando palavras racistas direcionadas ao goleiro do Santos
Aranha, pois bem. Patrícia Moreira, moça de 23 anos, gremista fanática está
sendo crucificada. E claro que ela não é inocente, mas também não é 100%
culpada. Aposto que não foi ela quem começou aos berros gritar a palavra
macaco. E quanto aos outros? Ninguém sabe quem são, apenas um ou outro
envolvido que foram depor, então após o caso sair de destaque continuarão suas
vidas em paz, já a moça talvez não poderá dizer o mesmo.
Em um estádio de futebol, as pessoas geralmente extravasam os
sentimentos de fanatismo, onde querem que o outro se dê mal e é nesses momentos
que o preconceito aparece. Richarlyson, o juiz, a mãe do próprio juiz que o
diga. O BBB da vida real é implacável e basta um erro para você ser punido e
agora em tempos de internet ter a sua cara estampada aos quatro ventos.
Como dito acima, ela está sendo crucificada e já está pagando por
seus atos. Não apenas os delas, mas os de todo mundo, afinal, quem não é
racista? Trata-se de um tema cultural. Isto é aprendido e visto em todos os
lugares, quem nunca chamou um amigo negro de neguinho? Para mim, é preconceito
e ponto final. E agora a grande maioria quer ser o juiz da moral. Em tão
pouco tempo, ela transformou a vida dela em um inferno. Seu rosto está em
destaque nos noticiários do dia a dia, já perdeu o emprego, a casa foi
apedrejada e foi quase que forçada a abandonar a casa. Será que já não é
suficiente? Ou será que devemos crucificá-la em praça pública? Ou esperar que
ela acometa contra própria vida ou algum torcedor fanático faça isso, depois da
expulsão do Grêmio do torneio. Um erro não justifica o outro. Moreira sabe que errou
e é lógico que deve responder por injúria racial. Quero só ver se caso aconteça
algo grave com a moça, se haverá essa exploração de imagem tão intensa. Claro
que não.
Em depoimento ontem, Moreira disse que agiu por embalado. Sim, é
possível, se deixou ser levada pela emoção do momento. Como todo
brasileiro, Patrícia cresceu ao lado de pessoas negras, tive a oportunidade de
ler o depoimento de seu vizinho negro que afirmava que a moça não tem nenhum
sinal de ser racista. Mas a falha está cometida e o crime deve ser pago
conforme a lei, o que está errado é a exploração de imagem, enquanto outras
pessoas que entoaram o canto e gritos passarão despercebidos depois da findado
este episódio, enquanto a moça, será sempre taxada como a gremista racista. Martin
Luther King tinha um sonho e só é possível realizá-lo com menos hipocrisia.