Dia 11 de outubro de 2014. Noruega. Ela está toda
empolgada, é o grande dia de sua vida, dia este que a maioria das mulheres mais
espera ao longo de sua vida. O dia de seu casamento. O vestido de casório é
branco, uma alusão à sua pureza. O clima é de festa e de alegria. Quem é a
mulher que não adoraria casar com o homem de sua vida? O bolo, lingerie,
convidados, igreja escolhida, tudo escolhido a dedo e o mais importante com
amor.
Na sala ao lado, está ele, o futuro marido, 1,75 de
altura, com todo um ar de experiência, rindo à toa. Afinal não via à hora do
grande dia chegar, nem acredita que a família permitiu, feliz por não precisar
ficar horas na internet daqui para frente. Sempre acreditou no poder de seu
dinheiro. Agora é se casar e aproveitar a vida à dois e o melhor da maneira que
sempre torceu que fosse.
Na internet, a história é contada para quem quiser ler,
aberta ao mundo, a história de um grande amor que se encontra em um blog em norueguês. O blog já chegou a ser um dos
mais acessados do país, se tornando um viral. Quem diria, uma norueguesa se
tornaria tão conhecida não só na Noruega, mas no mundo todo e tudo por causa de
seu casamento. Com certeza ela não pensou em tão repercussão para o seu
casamento.
Mas o que este casamento tem de tanto especial? A
história poderia ser normal. Só que há um problema. Ela, Thea tem apenas 12
anos e ainda brinca de bonecas. Ele, Geir, 37 anos de idade, empresário bem
sucedido e apaixonado. Até a mídia local se mobilizou, a polícia foi chamada por pessoas que não aceitaram o caso. Você
caro leitor, ao ler isto está pensando, que absurdo. Devia estar preso, tarado, este
casamento não pode ocorrer e etc. Mas saiba desde já que está história não
existe, não da maneira que está sendo contada aqui, mas saiba que no mundo a
cada dois segundo uma menina menor de 18 anos está se casando e muitas vezes
sem ter um único poder de decisão e qual é o grande problema disto? É que não tomamos
conhecimento de casos como este, já que a maioria deles acontecem em locais
longe das grandes metrópoles, em tribos e outros locais e isto se repete diariamente.
A história que foi ilustrada acima faz parte de uma
campanha da ONG Girls Not Brides que justamente quer mostrar ao mundo estes
casos de casamentos com menores, segundo dados da ONG, por dia um número de 39
mil meninas se casam com homens mais velhos, e isso significa que muitas
meninas estão perdendo o seu direito de desfrutar a infância, se tornando mães
e donas de casa muito cedo em uma época única, notável é saber que é a infância que está sendo perdida, isto devido
à tradições culturais, religiosas e simplesmente não notamos e se notamos
simplesmente ignoramos.
Segundo dados da ONU, se a taxa atual de casamento
infantil continuar entre os anos de 2011 e 2020 aproximadamente 140 milhões de
meninas se tornarão casadas, um número absurdo, porém que aumenta a cada ano
que passa. Atualmente os países que mais praticam o casamento infantil são
países da África Subsaariana e do sul da Ásia, para mencionar Níger, Chade,
República Centro-Africana, Bangladesh, Guiné, Moçambique, Mali, Burkina Fasso,
Sudão do Sul e Malauí. Fica uma pergunta no ar, como a população pode fazer a
sua parte se a grande parte dela desconhece a existência destes países? E
muitas vezes se preocupa apenas com o próprio umbigo, o fato é que algo deve ser
feito e talvez por meio de uma petição, assim o dia 11 de outubro – Dia Internacional da Menina, possar ser o dia em que as meninas realmente poderão por toda parte comemorar
o fim do casamento infantil, viver como menina e não como mulheres casadas, desta maneira colocando fim a este problema. Para encerrar, na Índia 47%
dos casamentos são de meninas que muitas vezes nem chegaram a idade de 15 anos.