A omissão nossa de cada dia. Como se inicia o autoritarismo e a ditadura.
Um dia vieram e levaram
meu vizinho que era judeu.
Como não sou judeu, não me incomodei.
No dia seguinte, vieram e levaram
meu outro vizinho que era comunista.
Como não sou comunista, não me incomodei.
No terceiro dia vieram
e levaram meu vizinho católico.
Como não sou católico, não me incomodei.
No quarto dia, vieram e me levaram;
já não havia mais ninguém para reclamar...
(Martin Niemöller - 1933
- Símbolo da resistência aos nazistas)
Antes que [Hitler] se tornasse um
homicida em massa, a França e a Inglaterra aceitaram que anexasse a região dos
Sudetos, na Tchecoslováquia. Assinaram com ele um “acordo de paz”. E se fez
silêncio. No ano seguinte, ele entrou em Praga e começou a exigir parte da
Polônia. Depois vieram Noruega, Dinamarca, Holanda, França… É que haviam feito
um excesso de silêncios.
– Silêncio quando, em 1º de abril de
1933, com dois meses de poder, os nazistas organizaram um boicote às lojas de
judeus.
– Silêncio quando, no dia 7 de
abril deste mesmo ano, os judeus foram proibidos de trabalhar para o governo
alemão. Outros decretos se seguiram — foram 400 entre 1933 e 1939.
– Silêncio quando, neste mesmo
abril, criam-se cotas nas universidades para alunos não alemães.
– Silêncio quando, em 1934, os
atores judeus foram proibidos de atuar no teatro e no cinema.
– Silêncio quando, em 1935, os
judeus perdem a cidadania alemã e se estabelecem laços de parentesco para
definir essa condição.
– Silêncio quando, neste mesmo
ano, tem início a transferência forçada de empresas de judeus para alemães, com
preços fixados pelo governo.
– Silêncio quando, entre 1937 e
1938, os médicos judeus foram proibidos de tratar pacientes não judeus, e os
advogados, impedidos de trabalhar.
– Silêncio quando os
passaportes de judeus passaram a exibir um visível “j” vermelho: para que
pudessem sair da Alemanha, mas não voltar.
– Silêncio quando homens
que não tinham um prenome de origem judaica foram obrigados a adotar o nome
“Israel”, e as mulheres, “Sara”.
Os milhões de mortos do nazismo,
muito especialmente os seis milhões de judeus, morreram foi de… SILÊNCIO.
Morreram porque os que defendiam a ordem democrática e os direitos fundamentais
do homem mostraram-se incapazes de denunciar com a devida presteza o regime de
horror que estava em curso.
Texto de Reinaldo Azevedo em
seu Blog, aqui em 30/01/2013